quinta-feira, 9 de abril de 2020

Personalismo, a Lupa do Orgulho

Livro: Mereça Ser Feliz
Autora Espiritual: Ermance Dufaux

Capítulo 13


"O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo."

O Livro dos Espíritos - Questão 917


O personalismo é o grande adversário da causa do amor.

Consideremo-lo em uma metáfora como a lupa do orgulho voltada na direção do eu, ampliando, exageradamente, o valor pessoal. Um estado no qual a mente está mais voltada para os apelos do ego em negação aos ditames da consciência.

O fio condutor de seus nocivos reflexos é a paixão pela importância individual que supomos possuir.

Sua ação desorganiza o departamento mental da imaginação e projeta na vida as imagens de si mesmo pelas quais nasce o "império do eu", encarcerando-nos no automatismo do egoísmo.

Não vivemos imunes ao personalismo. Ele constrói psiquicamente a identidade pessoal e a participação no meio onde vivemos; o problema é o excesso da importância que conferimos ao eu, perdendo o controle tornando-se um vício, o vício do "amor" próprio.

Ver o mundo pela ótica individual é uma necessidade para aquisição de valor pessoal, contudo, o apego intransigente às próprias concepções, sem abertura para permuta e ampliação da experiências individuais, é que torna uma questão grave de conduta nas relações junto aos grupos de convivência.


Por milênios estamos vivendo essa experiência. Hoje, sob as alvíssaras da renovação íntima, assumiu proporções de um grande desafio a ser superado em favor da causa espírita que abraçamos.

Assevera-se que o serviço em equipe é garantia de sua erradicação, e não podemos discordar, embora tenhamos que assinalar que mesmo nessa circunstância a sanha do personalismo poderá arrasar as melhores sementeiras espirituais, caso não vigiemos suas formas ardilosas de manifestar.

Alguns exercícios poderão auxiliar-nos na sua identificação, o que será o primeiro passo para um programa reeducativo. Eis uma pequena lista:

- Emitir opiniões sem fixar-se obstinadamente na ideia de serem as melhores.

- Aprender a discernir os limites entre convicção e irredutibilidade nos pontos de vista.

- Ouvir a discordância alheia acerca de nossas ações sem sentimento de perda ou melindre.

- Cultivar abnegação na apresentação dos projetos nascidos no esforço pessoal, expondo-os para análise grupal.

- Evitar difundir a “folha de serviço” das realizações pessoais já concretizadas.

- Disciplinar e enobrecer o hábito de fazer comparações.

- Acreditar que a colaboração pessoal sempre poderá ser aperfeiçoada.

- Pedir desculpas quando errar.

- Ter metas sem agigantá-las na sua importância frente às incertezas do futuro.

- Aprender a ouvir opiniões para melhor discernir. 

- Admitir para si os sentimentos de mágoa e inveja.

- Ser simples.

- Ter como única expectativa nas participações individuais o desejo de aprender e ser útil.

- Esforçar-se para sair do “personalismo silencioso”, o isolacionismo e a timidez.

- Delegar tarefas, mesmo que acredite que outro não dará conta de fazê-la tão bem quanto nós.

Como vemos é aprendizado de longa duração que devemos começar com intensa humildade e contínua disposição de autoconhecimento.

Como diz o Codificador: "Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade". Concluímos então que se ainda nos aferramos com tanta desídia ao personalismo é porque ainda não compreendemos bem a nossa Doutrina, preferindo acreditar nas concepções individualistas ao sabor de opiniões pessoais...


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