terça-feira, 29 de março de 2016

Meditação da Amizade com o Homem Velho

Reforma Íntima Sem Martírio - Capítulo 13


"A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento". Santo Agostinho (Paris, 1862).

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo 3 - Item 19

Vamos, juntos, fazer uma viagem ao encontro de nossa sombra. Antes, porém, recordemos alguns conceitos.

A eficácia do labor de renovação depende essencialmente da capacidade do encontro harmônico com as mazelas que, habitualmente, desejamos ignorar.

Aceitar-­se é ter a coragem de olhar para si mesmo, criar uma autopurificação, ser em si mesmo um espelho para analisar as próprias reações e proceder a uma busca terapêutica para dignificação.

Aceitação é diferente de conformismo com o mal.

Aceitar-­se é admitir a si mesmo suas limitações com finalidades de estudá­-las para transformá-­las.

Que haja muito discernimento nesses conceitos: aceitar imperfeições é muito diferente de aceitar erros.

A inimizade com o homem velho é extremamente prejudicial ao desenvolvimento dos valores divinos, porque gastamos toda energia para nos combater, e não para talhar virtudes e conquistar nossa sombra.

Há muitos espiritistas que seguem normas lidas aqui e acolá, quando o importante é sermos as normas em nós mesmos, descobri-­las no nosso mundo singular e inigualável. Livros e palestras, orientações e vivências dos outros são valorosas referências para ponto de partida de uma longa viagem que terá de ser trilhada com nossos próprios pés.

Nada sofre destruição e aniquilamento, tudo é transformado e aperfeiçoado na natureza.

Não se mata o que fomos, conquistamos.

Não se extermina com o passado, harmonizamo-nos com ele.

O autoamor é a medida moral de paz conosco mesmo em favor dos objetivos maiores que almejamos. Não há liberdade interior sem a presença do amor.

* * * 
Vamos, então, meditar e nos encontrar com nosso homem velho.

Primeiramente, ore com unção pedindo a ajuda de teu espírito-­guia ou dos amigos desencarnados de tua confiança, para que a sua seja uma empreitada bem-sucedida.

Faça um suave relaxamento físico e psíquico.

Cuide da posição física e local, para que estímulos externos ou a má acomodação não causem muito prejuízo à concentração.

Utilize uma música branda e com acordes uniformes.

Feche os olhos e guarde na alma a indeclinável certeza de que será uma feliz experiência o seu auto-encontro.

Imagine-­se só. Um campo verdejante, florido, rico de natureza.

Respire o ar do campo, você está muito bem, muito bem. Um bem ­estar invade sua alma.

Abra os braços e sinta a brisa roçando seu corpo em confortadora sensação de alívio e esperança.

Sobre sua cabeça está surgindo uma esfera luminosa com luz muito intensa e balsamizante, é o Divino Fluxo de Deus.

Dessa esfera parte, agora, em sua direção, uma luz de cor azul prateada envolvendo todo o seu corpo.

Sinta­-se calmo, confiante, capaz e feliz.

Observe a alguns metros à sua frente, nesse campo maravilhoso: outra esfera idêntica faz o mesmo procedimento.

Você percebe que lá dentro há alguém a se agitar, contorcer e esbravejar.

A princípio você vai se assustar, mas mantenha seu vínculo com a esfera de luz que o envolve e ore pelo ser da outra esfera. Não se sabe a razão de sua dor, ele sofre, isso é uma verdade, esse é o seu estado.

Deus o abençoe com paz. Mas não chegue perto da outra esfera, mantenha sua distância inicial.

Agora observe com mais amor quem está lá.

Não pode ser! Sim, mas é verdade... É você mesmo...

Sim, é seu homem velho, sua criação... Olhe-­o com amor, sem se aproximar... Procure externar os melhores sentimentos por ele.

Ele não diz nada, todavia, ouve os seus sentimentos e agora fixa os seus olhos. Olhe-­o também, perceba que é uma cópia de você, apenas mais desgastada e triste.

Agora ele está mais calmo e você poderá ter uma conversa com ele. Vamos nos preparar para isso.

Veja que as esferas estão sumindo, contudo, vocês não podem se tocar agora.

Não receie o encontro, mas não o toque por agora, apenas fale com ele. Pergunte-­lhe as razões de suas tristezas e desgastes. Indague o que quiser ou apenas sinta-­o. Fique assim por algum tempo.

Vá procurando sentir as palavras que vamos dirigir-­lhe:

Quero conhecê-lo melhor, meu homem velho, e propor-­lhe uma amizade.

Sou o responsável por você, sou seu criador, então, não posso querê-lo mal. Pelo contrário, quanto mais amadureço, mais o amo e respeito, sem recriminação nem repúdio.

Só quero que entenda que não posso mais ceder a seus pedidos. Conheci Jesus e desejo intensamente os ensinos do Mestre. Perdoe-­me, mas não posso mais atender a seus desejos, que, na verdade, eram os meus em outro tempo.

Amo você, pode acreditar, embora nem sempre saiba lidar fraternalmente com teus convites. Mas estou aqui para isso: aprender a sentir seu calor emocional sem medos nem cobranças.

Venha comigo! Você não necessita mais das formas infelizes do prazer que lhe ensinei, venha! Existem outras coisas que quero lhe ensinar. Serei paciente. Sentaremos assim, na relva, um ao lado do outro e ficaremos longamente olhando o horizonte.

O fato de não concordar com suas propostas não significa que o queira mal, tenho agora outras metas e não posso traí-­las.

Sua energia pode ser muito útil a esses novos propósitos, e as metas podem ser nossas. Venha, ajude-me!

Quero lhe dar vida, pois do contrário ficará preso ao passado, ficará só, cultivando desejos irrealizáveis, ferindo-se. Disse Jesus: "Vinde a mim os cansados e oprimidos, eu vos aliviarei..."

Se hoje eu ceder às suas propostas, serei o infeliz, o solitário, o arrependido, e além disso, prejudicaremos outras pessoas, como fizemos outrora.

Dê-me suas mãos (mentalize suas mãos estendidas com jatos de luz verde-claro e muito amor; toque as mãos dele).

Ele tem receios, abaixa a cabeça, sente-­se humilhado, sem rumo.

Olhe em meus olhos, sinta meu sentimento de amor por você. Você é meu filho e eu o amo como filho.

Venha, abraça-­me, Jesus vai nos abençoar.

Faça agora o encontro Divino e redentor. Vá, abrace-­o com muito amor, dê-­lhe um terno e longo abraço e permaneça sentindo as emoções desse encontro por algum tempo.

Seu homem velho renova-­se em luz e se funde com você em paz.
* * *
Procure retornar ao ambiente sensório lentamente trazendo consigo essa sensação de felicidade, de autoamor.

Repita sempre a vivência. O êxito dependerá da disciplina na assiduidade e no cultivo do desejo de melhorar sua vida integral.

Seja feliz sempre. Todos nós temos um incomparável valor perante a vida, compete-nos descobri-­lo e viver plenamente.

3 comentários:

  1. Que texto maravilhoso e edificante! Que possamos estar sempre abertos para essa jornada de autoconhecimento e crescimento.,❤️❤️🙏

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  2. Mais que um texto é uma aula de como temos que nos burilar. Melhorar nosso autoconhecimento, evoluir internamente visando sermos pessoas melhores, mais indulgentes e menos críticas, deixar de prejulgar.

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  3. É um texto para estudo e prática constante, entendo que ele pode e deve ser proposto nos de Grupos de Estudo Sistemático, especialmente nos estudos de Autoconhecimento. Ermance Dufaux é excelente!

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