segunda-feira, 23 de março de 2020

Os Espíritas Diante da Morte

Livro: Mereça Ser Feliz
Autora Espiritual: Ermance Dufaux

Capítulo 11

"O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?"

"Influência muito grande, visto que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem."

O Livro dos Espíritos - Questão 165

De onde viemos? Para onde vamos? Que fazemos reencarnados? Clássicas indagações que tiveram o véu rasgado de alto a baixo pela lógica do pensamento espírita. Discernimento, informação e esperança foram os resultados provenientes do contato com os mortos.

Apesar dessa luz que jorra intensamente, a morte ronda o cérebro de muitos espíritas com vastas noções sobre o futuro sem despertar o sentimento de imortalidade em plena carne. Muitos companheiros de ideário morrem abarrotados de informações sobre o morrer sem asilarem nos recessos do coração o sentimento de vida perene e incessante, passando a peregrinar nos vales de sombra e dor para expurgos reparatórios. Morrem, mas não desencarnam corretamente.

Morrer retamente deve ser meta de todos que fomos agraciados com a riqueza dos tesouros doutrinários, razão pela qual a morte é dos temas mais necessários na formação da cultura espírita. Uma visão clara e precisa da vida futura, sem os resquícios mitológicos, é essencial para uma vida corporal mais proveitosa e consciente, o que permitirá um desenlace saudável nos rumos da continuidade e ascensão.

Precisamos convir que essa mentalidade, estruturada na visão futurista da existência, exigirá o norteamento da experiência corporal com abnegação e renúncia na construção de um projeto de vida espírita, cuja referência seja a vida futura.

Somente o conhecimento doutrinário não erradica nossos problemas com a morte. Se reunirmos toda a sabedoria das obras básicas e das subsidiárias acerca desse tema, teremos algo comparável a um pequeno grão de areia perante o oceano imenso das realidades da vida imortal. No entanto, muitos espiritistas estão com inabalável convicção de uma ancoragem feliz na vida dos imortais, tão somente por votarem-se superficialmente em louvores e obras da caridade, descuidando infantilmente de zelar pelas conquistas interiores, que são a única garantia de paz além-túmulo.

As variações da desencarnação, os redutos de dor, a natureza na vida extrafísica, as mutações dos estados mentais, a suprema interação entre os planos de vida, os resultados dos estados conscienciais sobre o perispírito, o destino dos hábitos culturais no além, os processos de retorno à matéria, os mecanismos de intercâmbio entre orbes, os efeitos das movimentações humanas no plano espiritual e muitos outros aspectos de um leque infinito de assuntos sobre a morte ainda carecem de noções mais ampliadas. Contudo, por mais que o homem na carne eleve seu entendimento sobre essa versatilidade, a morte continuará sendo uma grande reveladora de Verdades para a alma que se despede da hipnose da reencarnação para penetrar os pórticos da imortalidade.

Em face disso será sempre oportuno, especialmente aos adeptos do Espiritismo, a reciclagem de sua posição mental e afetiva sobre seu futuro. Corações queridos que aqui se aportam experimentam largas decepções por acreditarem displicentemente que dominam sobremaneira os temas da desencarnação, quando, em verdade, tinham primárias lições sobre o assunto, agravados por uma conduta invigilante de auto-suficiência alicerçada na soberba crença de "salvacionismo", sob forte influência do atavismo religioso em concessões e facilidades no "céu", devido aos serviços prestados ao bem comum.

Atentemos para esse episódio, porque o Codificador não descuidou de indagar das "Vozes Espirituais" se o saber espírita seria importante na erraticidade, recebendo uma sábia advertência: "Influência muito grande, visto que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem."

Nessa resposta temos o roteiro correto para uma vida corporal em plenitude.

Consciência tranquila e o bem são assertivas alvissareiras da paz interior que havemos de levar de um para outro mundo nas sucessivas alternações na busca da perfeição.

A vida física é um curso para aprendermos a morrer corretamente, conquistando o perfil do homem espiritualizado e livre das imposições da matéria.

Estudemos com mais afinco a vida futura, buscando compreensão sobre a senha para o acesso feliz ao mundo dos espíritos, a integração com a consciência do Eu Divino que reside em nossa intimidade.

Meditemos com seriedade nas incomparáveis lições oferecidas pelos "mortos" através das vias sagradas da mediunidade, treinemos sentimentos e atitudes em cada ocasião de separação e miremo-nos no espelho da consciência em busca de um balanço leal sobre o estado pessoal, frente às diretrizes do Consolador para os novos estágios a que fomos convocados. Unamo-nos, homens e espíritos, espíritas ou não, em declarado e imbatível planejamento de vida para que nos preparemos ao regresso feliz, na reencarnação ou na desencarnação, como expressões naturais de existir e transformar com abundante vida.

Vigilância sempre e sempre nesse tema, porque aqui também o orgulho - nosso sagaz adversário - costuma cantar cantigas de ninar, doces e serenas, para embalar nosso sono de ilusão a fim de que venhamos a despertar nos braços da morte atribulada, sob os efeitos de dolorosa decepção e revolta.

A morte como informação nem sempre é sinônimo da Divina certeza da imortalidade - único sentimento capaz de transformar nossas vidas na matéria pelas sendas redentoras do legítimo amor sentido e aplicado todos os dias.

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