sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A Palestra de Calderaro - Parte 2

Livro: Escutando Sentimentos
Capítulo 20
Parte 2

*Continuação da postagem intitulada "A Palestra de Calderaro - Parte 1"


Se as ilusões são apelos vivos na vida mental da esmagadora maioria da humanidade, por outro lado, muitos de nós já estamos convidados a trilhar os caminhos novos da autonomia, mas por receio de seguir sentimentos que falam de um outro caminho, o caminho singular, negamos os apelos da alma e paramos a ouvir os críticos externos e internos ou os preceitos literários de natureza religiosa.

A tarefa dos autênticos educadores espirituais reside em devolver ao homem sua própria consciência. Somente abdicando do que acreditamos ser o melhor para o outro através das vias da empatia, poderemos cumprir com essa missão. A grande meta de todos os servidores do bem deve ser libertar consciências do jugo das ilusões. A dificuldade consiste em saber o que é ou não ilusão para o outro, sendo que nem mesmos nós, em certas situações, sabemos aquilatar com precisa segurança a diferença entre realidade pessoal e distorção da auto-imagem.

Os integrantes do círculo terapêutico estavam extasiados em ouvir a palavra inspirada de Calderaro. Via-se um sorriso de contentamento apaixonante nos lábios de Dona Modesta. Parecendo fazer uma leitura da alma dos presentes, indagou o servidor:

- Naturalmente, ante essa abordagem, surge a questão: como reencontrar nossa consciência?

A resposta vem breve: aprendendo a linguagem do coração. Escutando os sentimentos perceberemos a natureza de nossa intenção perante a vida, pois é no espelho do coração que a consciência projeta a luz de nossas mais recônditas aspirações evolutivas.

Acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; - porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração. (2)

O tesouro da alma é a intenção. Onde ela se situa aí está o coração, ou seja, nossos sentimentos.

É um tesouro porque a frequência das intenções constitui a mais legítima identidade do Espírito qualificando sua real condição perante a ordem universal.

Qual será a condição de quem toma contato com nossas reflexões? Ilusão ou convite para a autonomia? Eis mais uma ótima reflexão a ser feita na busca das legítimas intenções em favor da integração com nosso destino particular e sagrado planejado por Deus na Sua Bendita Casa.

Jesus, o ser que sintoniza com a Intenção do Pai, o mais puro exemplo de amor que já passou pela Terra, teve seu julgamento com base nos seus atos e não em suas intenções. 

A pedido de Dona Maria Cravo fizemos essa introdução para pensarmos juntos sobre o tema de minha especialidade e interesse, a obsessão. Já que se preparam para incursões futuras nesse terreno da experiência humana entre os espíritas, guardem esse ensino precioso do Mestre.

Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podem atacar e vereis apagar-se da vossa alma tudo o que seja capaz de lhe conspurcar a pureza; (3)

As Leis Naturais se cumprem na vida de cada um de nós conforme a natureza das intenções que acalentamos. A intenção é o termômetro de nosso ato evolutivo determinando a "frequência básica" de nossa atividade mental, pela qual seremos identificados na teia cósmica da vida.

Intenções nobres convergem todas as "partes" da mente para uma inteireza, facilitando a ação do self, pacificando o coração. Devido à sua frequência, a criatura cria uma couraça defensiva contra a maldade ou atrai para si os reflexos dos propósitos infelizes. A frequência é o fio de aglutinação dos fragmentos da mente, integrando-os para a harmonia ou a derrocada, conforme nossa busca na Obra da Criação.

Portanto, a frequência de nossos objetivos recônditos é o canal de sintonia que nos liga com a vida.

No capítulo das obsessões e dos relacionamentos interdimensionais será imperioso considerar a influência determinante das intenções na solução ou agravamento das constrições mentais dominadoras.

Ninguém se atola nos pântanos da coação e do transtorno mental sem que a porta de seus propósitos íntimos esteja aberta em lamentável indisciplina. Igualmente, ninguém recolhe o pensamento de Sábios Guias sem qualidades interiores que retratem suas intenções elevadas.

Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor. (4)

Bilhões de corações na Terra, aqui incluindo nós todos que peregrinamos sob a égide do Espiritismo, se avaliados à luz dos princípios da mensagem do Cristo somente pelos seus atos e palavras - aspectos mais salientes de identificação da personalidade humana - , certamente receberão um juízo arrolado com base nos padrões convencionais do que é certo e errado na vida de relações. Esse juízo, como não poderia ser diferente, será exarado com base naquilo que se conhece da pessoa. Quase sempre, algo distante do que ela é por dentro.

Inúmeros homens e mulheres em suas reencarnações estão enquadrados em grupos ou experiências cumprindo tarefas particulares, conforme suas necessidades pessoais, e nutrindo as mais puras intenções de melhora e reeducação. Muitos deles encontram-se desajustados e infelizes, mas persistentes em suas aspirações de superação e enriquecimento moral. Para os juízes da Vida Maior, cumprem missões particulares e cooperam com a obra paciente de progresso da humanidade, cada qual a seu modo.

Uma das habilidades da alfabetização emocional em que todos necessitamos nos matricular é a empatia. Ela nos ensina a compreender pessoas e não somente suas atitudes.

A partir dessa reflexão, é imperioso entender que as obsessões não se estabelecem com base em rótulos exteriores que consignam determinado comportamento como sinônimo de desequilíbrio. Listemos alguns exemplos que são sempre destacados: as opções sexuais, o apego material, os vícios de variada ordem, a atividade dos políticos, os hábitos sociais, o exotismo de certas condutas.

Nos nossos celeiros de amor da doutrina encontramos severas reprimendas a semelhantes posturas. A diversidade é ainda recriminada em nossos ambientes. Pautamo-nos ainda por critérios do mundo estabelecendo o que é certo e errado, caindo em exames arrogantes, recheados de certezas e inflexibilidade, insuflando a intolerância e a rigidez que destroem as mais caras amizades e planos de trabalho sob os bafores da intransigência velada.

A tarja de obsidiado tem sido utilizada para quantos decidem por caminhos diferentes. Sentenciamos sem conhecer-lhes as intenções. Estamos sempre aptos em nossa análise a dizer o que o outro precisa e deve fazer, esquecendo-nos do princípio básico do respeito à individualidade.

É incrível! Falo aqui de mim próprio; como apegamo-nos com facilidade aos conceitos que acreditamos serem a mais pura manifestação da verdade sobre o que o outro é! Por mais ajuizado seja o nosso parecer sobre o próximo, esse apego escandaloso é a mais vil expressão de nossa arrogância. Perdoem-me a clareza de minha fala, mas a dirijo principalmente a mim mesmo - expressou o instrutor na mais espontânea simplicidade.

Necessário dizer que muitos companheiros de ideal - não todos evidentemente -, que receberam o veredicto de serem almas em queda e obsidiados contumazes são desbravadores obstinados de novas formas de caminhar, corajosos desafiantes que honram em si mesmos a diversidade. Diversidade essa que ainda não aprendemos a respeitar. Peregrinam por outras sendas de aprendizado nas quais, possivelmente, a maioria não teria siso para trilhar. Garantem-se com suas intenções. Sobre alguns deles, inclusive, assentam-se os mais elevados interesses do Plano Maior.

Não existe ninguém nos círculos de aprendizado da Terra, em ambas as esferas de vida, que esteja livre das associações mentais constritoras ou como diz o senhor Allan Kardec: "(...) o domínio de alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas"(5) Observemos a fala "logram adquirir", mas graças à qualidade superior das aspirações nem sempre adquirem. Impossível para nós livrarmo-nos completamente das interferências, contudo, mantê-las e consolidá-las vai depender das intenções. Só existe domínio quando cedemos ou desistimos de continuar lutando pelas nossas aspirações mais profundas. Eis o conceito prático de obsessão.

Por isso dissemos que a intenção sustenta nossos mais nobres ideais. Não existe obsessor ou técnica capaz de destruir as intenções, a não ser nossa escolha pessoal. Elas são como uma armadura da alma. Somente através dela nos protegemos da adesão permanente a situações, condutas e relações. A Lei de Sintonia é o alicerce desse processo que interrompe ou consolida nossos elos. Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podem atacar e vereis apagar-se da vossa alma tudo o que seja capaz de lhe conspurcar a pureza. (6)

Por conta desse "sentimento oculto" - a intenção - tão cedo não entenderemos a contento a Justiça Divina, que se guia por expressões ignoradas como se observa nas seguintes frases:

É sempre do mesmo grau a culpabilidade em todos os casos de assassínio? Já o temos dito: Deus é justo, julga mais pela intenção do que pelo fato. (7)

A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. (8)

Não há culpabilidade, em não havendo intenção, ou consciência perfeita da prática do mal. (9)

A intenção é o plugue mental de ligação com o manancial infinito da Misericórdia Paternal. Por ela atraímos para nós todos os recursos defensivos e multiplicadores da nossa força interior. Talvez por essa razão o Sábio Nazareno tenha afirmado:

Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. (10)

A pureza é a frequência mental da liberdade e a identificação dos homens felizes, que jamais estão sozinhos, mas guardam a sublime capacidade de escolherem, essencialmente, conforme suas preferências, os caminhos da existência.

Judas com intenções amorosas sucumbiu sobre os açoites do poder e traiu. Pedro com fiéis intenções descuidou da vigília e negou. A mulher adúltera que recebera o apodo da multidão foi amparada por Jesus, que sabia da nobreza de suas intenções perante a vida. Saulo, o perseguidor implacável, trazia na alma intenções louváveis com o bem e Jesus descerrou-lhe os olhos das escamas da ilusão. Nicodemos possuía aspirações de valor mesmo constrangido pelo preconceito. Tiago, por amor à Casa do Caminho, consorciou-se ao Judaísmo, permitindo concessões doutrinárias.

Perdoem-me ser tão breve em minha fala. Dona Modesta já explicou os motivos. Estarei em tarefa socorrista daqui a alguns minutos. Sem delongas, desejo êxito no futuro de vocês. Que este "grupo de reencontro" alcance sua legítima aspiração no encalço de suas mais nobres intenções.

Paz aos seus corações.


2. O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 25 - item 6
3. O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 8 - item 19
4. O Livro dos Espíritos - questão 388
5. O Livro dos Médiuns - capítulo 23 - item 237
6. O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 8 - item 19
7. O Livro dos Espíritos - questão 747
8. O Livro dos Espíritos - questão 949
9. O Livro dos Espíritos - questão 954
10. Mateus, 5:8

A Palestra de Calderaro - Parte 1

Livro: Escutando Sentimentos
Capítulo 20
Parte 1



"Acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os come; - porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 25 - Item 6


A tarde dava suas últimas manifestações a caminho do crepúsculo. Chegava o instante das reuniões terapêuticas em grupo. Sob supervisão de psicólogos da alma, pequenas equipes de vinte integrantes em estágios avançados de preparo eram orientadas visando a avaliar sua recém-finda reencarnação e projetar responsabilidades maiores para o futuro. Dona Maria Modesto Cravo responde por um dos muitos "grupos de reencontro" - como são conhecidos entre nós - na condição de supervisora. Naquela tarde, o benfeitor Calderaro visitava o Hospital Esperança e fora convidado para versar sobre um tema essencial ao preparo de todos, já que dispunha de vinte preciosos minutos.

Pontualmente às dezessete horas, a supervisora dava início ao tentame. Após a oração, ela assim apresentou o explanador:


- Amigos, esse é Calderaro, que nos abençoará com sua palavra sobre o tema de nossas reflexões atuais: "O Poder das Intenções no Crescimento Espiritual". Nosso companheiro é devotado aos serviços socorristas nas zonas abissais da erraticidade. Ouçamos sua sábia palavra, que será breve face a outros compromissos que o aguardam. Calderaro - falou Dona Modesta dirigindo-se ao benfeitor - os nossos companheiros aqui presentes foram todos espíritas quando encarnados. Portanto, sinta-se em casa.

Com simplicidade, colocou-se de pé ante o círculo dos presentes e os saudou:

- Companheiros, paz conosco. Serei objetivo em face da exiguidade de meu tempo. Como me solicitou Dona Modesta, abordarei o tema considerando que vocês se preparam para intensos labores de assistência aos grêmios espíritas na Terra.

Nos grupos doutrinários, com raras exceções, são expedidas orientações que versam sobre o que não se deve fazer, o que se deve evitar. São focadas com certo exagero as doenças e fala-se pouco na cura, sem explicações satisfatórias sobre como conquistá-la.


Decerto, os preceitos e orientações espirituais básicos são necessários; constituem o cerne das finalidades de uma agremiação espírita-cristã. Entretanto, a alma humana, legatária de particularidades, pede mais e quer saber o que fazer para ser feliz. Necessita de respostas diferenciadas.

Os preceitos morais nem sempre motivam cumplicidade e comprometimento, porque são enfatizados em clima de autodesvalorização. Quase sempre são expostos como "regras gerais" e sob uma ótica coletiva. Indicativas de aperfeiçoamento - sem dúvida, necessárias - ganham conotação repressora, tais como: "cuidado com a vaidade!", "somos todos personalistas!", "já falimos muito nos vícios!", "o orgulho é a nossa doença!", "os espíritas são todos melindrosos!", "sozinhos não temos força contra as ilusões!", "precisamos de muita tarefa para buscar a paz!", "somente no Espiritismo temos todas as respostas!", entre várias outras. Por conta desse enfoque, recomendações que deveriam ser prezadas como úteis e valorosas ao crescimento terminam constituindo uma plataforma religiosa exterior calcada na velha didática: "o espírita pode isso e não pode aquilo", "o espírita é isso e não o que pensa que é".

Larga soma dos projetos de orientação espiritual da atualidade carece de um item imprescindível: prestigiar a singularidade. Permitir a manifestação do imaginário humano e de sua diversidade. Somente a partir de então, estabelecer laços entre a experiência particular e as bases gerais da doutrina. Que caminho melhor para isso haverá que interrogar?


Fazer perguntas e não ocupar-se em respostas exatas ou certezas imediatistas. Contudo, mesmo quando atingirmos o patamar de aplicarmos uma didática rica de alteridade, alguns questionamentos, essencialmente pessoais, permanecerão na acústica da alma como "pistas" para o processo da individuação - a celebração da individualidade divina arquivada no inconsciente.


Chega um instante na caminhada do amadurecimento espiritual em que somos convocados ao "chamado particular de ascensão". Depois de um tempo de esforços e disciplina, nasce o fruto interior do acrisolamento da personalidade excelsa que estamos talhando. Seremos levados a indagar: que queremos da nossa reencarnação? Estarei manifestando minha singularidade ou seguindo convenções e julgamentos? Estou ouvindo meus sentimentos ou adotando preceitos que me foram passados? Qual o meu propósito na Obra da Criação? Que missão devo desempenhar perante a vida? Quais são minhas reais intenções perante a existência? O que quero realizar para meu processo de elevação espiritual?

Quem não sabe o que quer não toma decisões afinadas com seu íntimo.

Conhecer nossas intenções, ter consciência de sua natureza, é fundamental para nossa paz interior.

Quanto mais consciência de suas reais intenções, mais a criatura:


* Visualiza seu futuro.

* Sustenta seus ideais.

* Melhora a relação consigo.

* Alcança o clima da serenidade e dilata sua responsabilidade.

* Sintoniza-se com seu planejamento reencarnatório.

É nesse aspecto subjetivo da vida íntima que reside o "mapa" para o destino. O que desejo realizar? Que aspirações motivam minha vida? Onde quero chegar? O que espero alcançar em mim?

Confiar em si sem auto-suficiência; amar sua existência como se é, buscando o aprimoramento gradativo; dar-se o direito de escolher e fazer opções sobre seus planos de crescimento espiritual; livrar a mente dos chavões doutrinários que não correspondem com nossos legítimos sentimentos; avaliar se os desejos alheios se afinam com os nossos projetos de aperfeiçoamento. Essas são algumas indicativas para conhecermos e manifestarmos nossas intenções, livrando-nos do medo de planejar ideais particulares que nos façam pessoas mais felizes e conscientes de nossas responsabilidades ante as necessidades de nossa raça.


Na condição de "orientadores" da Doutrina Espírita, encarnados e desencarnados, haveremos de nutrir respeito incondicional pela individualidade humana. O bom líder à luz da mensagem cristã será aquele que melhor promover condições, tanto quanto possíveis, para que o ser humano consiga encontrar sua singularidade e ser feliz. Em nossa comunidade doutrinária, observamos rotineiramente a surpresa de uns e a rejeição de outros quando alguém faz escolhas que não são as que achamos que deveriam ser feitas, ou ainda quando alguém tem atitudes que julgamos não serem adequadas ao "seu nível".

Qual de nós conhece as intenções da ação alheia? Qual de nós perguntou a quem quer que seja a preferência de determinada criatura? A ninguém é vedado o direito de ter opiniões sobre o outro, entretanto julgar... Julgamos quando encaixamos as pessoas em nossos modelos de perfeição.


Aqui mesmo, no Hospital Esperança, acolhemos muitos corações iluminados pelo Espiritismo que ruminam o pensamento em torno da seguinte frase: "fiz o que não queria e deixei de fazer o que precisava". Desconheciam ou deixaram de acreditar em suas intenções. Muitos desses companheiros se seguissem a "voz interior", poderiam ter feito melhor proveito de suas reencarnações. Desencarnam com sentimento de frustração sem se darem conta de sua origem.

Prega-se insistentemente o amor ao próximo em nossos meios. Louvado seja! Todavia, a proposta educativa do Cristo inclui o amor a si, o auto-amor. Generaliza-se uma confusão entre celebrar a individualidade e o individualismo. O primeiro é o processo da individuação, a educação das potencialidades do self. O segundo é a conduta egocêntrica de destaque e prestígio. Que os nossos grupos se lancem sem temores ao exercício da atitude de amor a si mesmo. Estamos no tempo dos sentimentos, das descobertas da alma.

De onde vim? Para onde vou? Que faço na Terra? Que quero da vida? Que os centros espíritas tomem como meta neste século dos sentimentos o compromisso de auxiliar os seres humanos a investigarem suas reais propostas existenciais ajudando-os a viver em paz. Ainda mesmo, e principalmente, se os seus destinos forem alhures às nossas expectativas.

Para conhecer bem esse reinado das intenções, façamos um mergulho interior e meditemos sem receios ou julgamentos nas questões que formulamos acima.


Quando Jesus pronunciou o "não julgueis" é porque nenhum de nós pode, em são juízo, medir a intenção alheia. Muitas vezes os atos e sentimentos que manifestamos não se encontram em sintonia com as intenções. Nasce então o conflito, a frustração íntima em relação ao que estamos realizando e como nos expressamos para o mundo.

As intenções nobres sustentam os mais legítimos sentimentos de progresso e elevação, embora, permitamos, frequentemente, que os vilões emocionais da culpa e do medo nos afastem de seguir as "inspirações instintivas" a ecoar no imo de nosso ser, chamando-nos para o destino glorioso e singular.

Nossas colocações, certamente, podem lhes causar insegurança. É natural! Fomos treinados para temer ou negar o que sentimos, no entanto, não haverá paz na alma que não se lançar a essa tarefa educativa de percorrer a "solidão necessária" e responder a si: Quem sou? O que quero?

É razoável, perante nossas abordagens, pensar no torpor causado pelas ilusões quando se assevera ser necessário seguir as intenções. Durante longo tempo, estamos equivocados nesse setor... O Guia Espiritual Lázaro diz: "O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão." (1)


O texto continua na postagem intitulada "A Palestra de Calderaro - Parte 2."


1. O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17 - item 7